quinta-feira, 26 de maio de 2011

EDUCADOR BRASILEIRO É DESVALORIZADO DESDE DO TEMPO DO IMPÉRIO

A história nos mostra que o Brasil sempre pagou mal os seus professores. A primeira Lei Geral do Ensino, decretada por D. Pedro I em 1827, estabelecia que os professores deveriam receber como salário 25 mil-réis mensais,o que valia em valores atuais algo em torno de 930 reais. O professor ganhava naquela época um terço do que ganhava um feitor de escravos.

Estamos no século XXI, no ano de 2011, 184 anos se passaram e a professora Amanda Gurgel do Rio Grande do Norte continua percebendo salário do início do século 18, ou seja, do tempo do Império.

A referida professora apresentou no Programa Domingão Do Faustão em 22/05/11 o seu cheque salário no valor de R$ 930,00. Absurdo, é que o salário da Amanda é o mesmo que foi pago por D.Pedro I aos professores em 1827.

Segundo Regina Simões, professora do Programa de Pós-Graduação em Educação do Centro de Educação da Universidade Federal do Espírito Santo, ”uma pesquisa realizada que resultou no texto formas de adoecimento de professores capixabas no século 19: diálogos com o passado no presente, um dos artigos do livro Trabalho e Saúde do Professor(Autêntica,2008).Seu recorte temporal foi determinado pelo acesso ao primeiro estudo estatístico que permitia dimensionar o número de alunos e professores existentes na então província do Espírito Santo,de 1878.

Comparamos esse material de pesquisa do século passado com as pesquisas e estudos do século 20 e encontramos o mesmo quadro na educação de ontem e de hoje: prédios improvisados, condições insalubres para o exercício docente, carência de professores, muitos alunos por sala, baixos salários.

Uma carta de 22 de abril de 1838 data em que se comemorava o 338° aniversário do descobrimento do Brasil serviu como elemento disparador de uma pesquisa que dialoga com a história para entender os motivos presentes no adoecimento docente e suas relações com o ambiente de trabal

Naquela data, o professor José de Araújo Lobo, a quem havia sido consignada em caráter vitalício a cadeira de gramática latina na Vila de São Mateus, a 220 km de Vitória, no Espírito Santo, abriu mão do privilégio. São Mateus era um local estratégico em função de seu porto, onde desembarcaram muitos dos escravos vindos ao Brasil.

Quarenta dias depois de designado para a cadeira, Lobo resolveu abdicar de sua função de professor de sua função de professor. A alegação: o cargo de professor é nocivo à minha saúde e prejudicial aos meus interesses particulares.

“Isso mostra que o professor estava buscando se afastar da sala de aula, que seu local de trabalho era um, local de risco, a ponto de ele não querer estar lá”, explica Regina Simões.
Para a pesquisadora, o descompasso entre o discurso de exaltação à importância da educação e a precariedade real criaram essas formas de resistência que perduram até hoje:a do adoecimento e do afastamento.

Hoje, os sujeitos são outros. Mas os nós do tempo persistem.

200 anos se passaram do Império até hoje, porém os nós que amaram a educação impedindo que ela seja de qualidade,perduram,persistem até hoje.

Precisamos cortar os nós dos baixos salários, dos prédios improvisados, das condições insalubres de trabalho do professor, da carência de professores, do excesso de alunos em sala de aula, da falta de recursos técnico-pedagógico, do excesso de jornada de trabalho, etc.

Somente cortando estes nós a educação e o educador brasileiro vão sair da corda bamba da desvalorização social, política e econômica.

Abaixo os Pinóquios da política brasileira.
                                                         
  Paulo James Queiroz Martins

Representante da APEOC de Maranguape

pjqm@ibest.com.br



domingo, 15 de maio de 2011

A APEOC e a Saúde dos Professores



              A profissão de professor é hoje chamada de profissão perigo. Hoje é perigoso ser professor é preciso aprender a driblar diariamente o medo promovido pela violência nas escolas das cidades brasileiras.

              Pesa sobre os ombros dos professores as dores físicas provocadas por esforços repetitivos, ora os calos nas cordas vocais que os torna afônicos. Esses e outros males são os problemas de saúde que vitimam os professores do Brasil. Os riscos, aliás,não são poucos,ainda que mal retratados como doenças causadas pelo exercício do magistério.

 
Muitos professores tentam, com as possibilidades que têm ao seu alcance, driblar os problemas de saúde da ocupação. Sabemos que a atividade de professor é inerentemente cheia de riscos

 
             Não podemos negar os diversos vetores presentes no cotidiano escolar que levam ao adoecimento do professor, dentro os quais se encontram as políticas educacionais e o modo de organização do trabalho docente.

 
Excesso de trabalho, indisciplina em sala de aula, violência dentro e em torno das escolas, salário baixo, falta de recursos técnico-pedagógico, falta de infraestrutura nas escolas, pressão da direção das escolas, demanda de pais de alunos, bombardeio de informações, desgaste físico e emocional, falta de reconhecimento profissional, prédios escolares improvisados, condições insalubres para o exercício da profissão, excesso de alunos em sala de aula. Por tudo isso o local de trabalho do professor é considerado um local de risco, a ponto de ele não mais querer estar lá.

 
              Ser professor é estar numa roda-viva onde o professor busca a todo o momento e em condições adversas de trabalho a aprendizagem do aluno. Por essa condição adversa de trabalho ele pode ser impedido de dar aula, de continuar em sala de aula. Em muitos casos, o corpo pede simplesmente para parar.

 
Porém por medo de perder o seu emprego e pelo vínculo afetivo com seus alunos, ele só se afasta quando está doente, quando é extremamente impossível permanecer em sala de aula. E quando ele se licencia a escola deve providenciar imediatamente um substituto.

 
               Os principais motivos para afastamentos de professores das salas de aula são os problemas psicológicos que desponta de maneira preocupante. A violência dentro e em torno das escolas cria um estresse profissional constante e generalizado. É um caso de difícil tratamento porque não está ligado estritamente às condições de trabalho, mas ao trafico de drogas e a falta de segurança nas escolas e em seu entorno. Sob pressão quase 50% dos professores brasileiros apresentam sintomas de estresse ou depressão. Os mais jovens são os que têm mais dificuldades para lidar com os problemas da profissão, muitos optam por abandonar o ofício.

 
                As mudanças sociais no Brasil nas últimas décadas alteraram a cultura e os interesses do alunato, aumentou a violência nos centros urbanos e diversificaram e intensificaram o acesso à informação. Essas transformações entraram na escola e tornaram-se fatores motivadores de estresse entre professores.

 
                 Partindo da hipótese de que as condições de trabalho- excesso de tarefas e ruídos, pressão por requalificação profissional, falta de apoio institucional e de docentes em número suficientes, entre outros geraram um grande esforço na realização de suas tarefas. Estudos concluíram que os professores estão mais sujeitos a terem transtornos psíquicos de intensidade variada do que outros profissionais.

 
Muitos desses elementos de pressão são frutos de uma reconfiguração do mundo do trabalho, que não foi realizada a contento no que diz respeito a suprir as necessidades do professor. Falta tempo, dinheiro e disposição a ele para se dedicar a outras atividades capazes de amenizar essa carga e o seu sofrimento.

 
                Segundo Sandra Gasparine,pesquisadora da Faculdade de Educação da USP, “o sistema escolar transfere ao profissional da educação a responsabilidade por cobrir as lacunas existentes na instituição a qual estabelece mecanismos rígidos e redundantes de avaliação profissional”.

 
                 Nós dirigentes sindicais não podemos se concentrar apenas nas campanhas salariais porque existem outros temas de grande relevância para a categoria.
Sabemos também que pouco adianta falar na saúde do professor se persistir a causa maior do problema, que são as condições de trabalho.As conseqüências da rotina de trabalho desgastantes dos professores, geralmente só são percebidas após dez anos de exercício profissional.

 
              Verificamos também que existem outros problemas que interferem na qualidade de vida e na saúde dos educadores, como os baixos salários que empurram os profissionais da educação a até três jornadas de trabalho.


              A falta de estrutura acústica nas salas de aula e o continuado uso do giz são elementos complicadores para a voz e para os problemas alérgicos, que são as principais queixas dos professores.É alarmante o número de afastamentos por problemas nas cordas vocais. Os professores é a categoria que mais sofre das chamadas laringopatias.

 
             Médicos reunidos no 3º Consenso Nacional da Voz Profissional, realizado no Rio de Janeiro,em agosto de 2010,argumentaram que o Brasil perde cerca de R$ 150 milhões anualmente com afastamentos e readaptações de professores com problemas no aparelho fonador, os quais têm de ser substituídos.
Eles defenderam que pelo menos parte desta quantia fosse gasta com programas que levem à melhoria das condições de trabalho dos educadores.

 
              Para o médico Arlindo Gomes, diretor cientifico da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (ANAMT),uma das entidades promotoras do Consenso de Voz,”o professor se vê tão vocacionado para a função que acaba atuando como um sacerdote,sem se atentar muito para onde ou como trabalha.”

              Sabe-se que a persistência de turmas com mais de 50 alunos em sala de aula é a causa direta dos sintomas de síndromes disfônicas entre professores. Os sintomas dessa síndrome são: dor ou irritação na garganta, sensação de corpo estranho na garganta, vontade de pigarrear e alteração da voz.

              Destacamos a seguir algumas doenças que afetam os professores. São chamadas de doenças da educação porque são as que mais afetam a saúde dos professores no exercício profissional. São elas:

 
Alergias, professores alérgicos a giz têm irritação nos olhos e pele, além de desencadeamento de problemas nas vias respiratórias de quem tem asma;

Doenças nas cordas vocais que vão da simples rouquidão aos pólipos e nódulos nas cordas vocais, causada pelo uso contínuo da voz e a falta de técnica no uso da voz;

 
Estresse causando vários problemas como: perda de memória, piora do sistema imunológico e do sono e a perda do nível de energia;

 
Síndrome de Bornout-sintomas:depressão,distúrbios afetivos,insônia crônica e incapacidade produtiva.Esses são os sintomas que compõem o quadro desta síndrome que muitos profissionais identificam como decorrentes da impotência do professor ante os problemas da educação;

 
Síndrome do Impacto-caracterizada por uma inflamação nos tendões do manguito rotador, que é um conjunto de 4 músculos entre a escápula e o pescoço. É causada, no caso dos docentes, pelo movimento repetitivo da escrita na lousa, em que o braço se movimenta por muito tempo acima do ombro;

 
Dores cervicais e lombares que é causada por questões posturais, atingem ombros, costas, pescoço e cintura. Normalmente, decorrem porque o professor fica muito tempo em pé.

 
              Foi pensando e preocupado com a saúde dos professores que o Sindicato Apeoc passou a oferecer aos seus associados alguns serviços e parcerias buscando melhorar a saúde e a qualidade de vida dos professores. Destaco a seguir esses serviços e parcerias prestados gratuitamente aos nossos associados:

 
Dr. Anjo de Castro – terapeuta holístico –CRT 40770-acompanhamento terapêutico em: depressão, ansiedade, traumas, insônia, distúrbios alimentares, tratamento anti-estress e aconselhamento individual.

 
Convênio com a ABS – tratamento odontológico.

 
Serviço de Fonoaudiologia.

Pilates – método de condicionamento físico que ao mesmo tempo trabalha corpo e mente.

 
• -Massoterapia- massagem para comunicação alívio da dor ou desconforto, cura, proteção ou melhora da saúde em geral.

 
                                Paulo James Queiroz Martins

                 Representante da APEOC em Maranguape

                                      pjqm@ibest.com.br

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